TRAMAS URBANAS
Esta proposta, pretende criar a coleção Tramas Urbanas, um conjunto de livros, que expresse e divulgue o trabalho de jovens pensadores, artistas e lideranças que falem a partir ou identificados com um lugar pouco ouvido, a favela.
Os novos movimentos culturais vindo das favelas e periferias das grandes cidades, mais conhecido pelo impacto de sua produção artística e visual, tem gerado também intelectuais orgânicos que começam a produzir um conhecimento autônomo e extremamente importante em torno das questões culturais, sociais e políticas emergentes.
A reflexão produzida por estes novos intelectuais e/ou ativistas e por alguns outros pensadores afins, de alguma forma inseridos no trabalho contra a exclusão cultural, ao contrário das demais manifestações artísticas similares, é totalmente desconhecido pelo público. Por outro lado, alguns intelectuais não originários das favelas ou zonas urbanas periféricas vêm se identificando diretamente com este fluxo cultural e artístico criando uma grande rede de integração e conexão sintonizadas numa mesma latência cultural e ideológica.
A importância, e mesmo a urgência, de sua divulgação será dar visibilidade ao surgimento da reflexão de teóricos, críticos, historiadores e pesquisadores que, pela primeira vez na nossa história, interpelam, a partir de um ponto de vista local, alguns consensos questionáveis das elites intelectuais
Conceito editorial
Para um projeto visual mais sintonizado com os temas tratados pela coleção e para que possam ser distribuídos com preço acessível, os livros terão um formato de livros de bolso e seu projeto gráfico, a cargo do grupo Flash back crew, vinculado a uma estética hip hop.
Eventos paralelos
O lançamento dos títulos ou de conjuntos de títulos da coleção deverá ser acompanhado de um seminário-evento em espaços estratégicos de divulgação e disseminação de idéias e discussão definidos pela curadoria em colaboração com os autores de cada volume.
A presença e a discussão com os autores seriam oportunidades de incluir as parcelas destas comunidades no universo da leitura e da reflexão sobre temas que lhes são afetos e estimular neles o senso crítico e político sobre o momento que estamos vivendo.
Breve currículo dos envolvidos no projeto Tramas Urbanas
Écio Salles: Editor do Jornal Afro Reggae, Coordenador do Programa de Educação do Grupo Cultural Afro Reggae, núcleo responsável pela elaboração e coordenação de projetos ligados ao campo da Educação e Inclusão Cultural, além de participar na produção de eventos realizados pelo grupo e coordenar um de seus SubGrupos, o Afro Samba.
Ericson Pires: Poeta e performer, é um dos realizadores iniciais do CEP 20.000 ( Centro de Experimentação Poética 20.000) e fundador do Grupo Hapax – cuja arte sônica low tec é criada a partir de sucatas urbanas e industriais plugadas em aparelhos de som além de números que misturam batucadas tribais com programações eletrônicas
Cristiane Ramalho: Diretora e Editora do Viva Favela, primeiro portal da Internet a tratar de assuntos de interesse da população de baixa renda, oferecendo acesso a serviços, produtos, oportunidades de emprego, diversão, cultura, esporte, saúde, educação e noticiário, destacando-se a Revista Comunidade Viva, feita por correspondentes comunitários – repórteres e fotógrafos – moradores de favelas e bairros pobres. Pertence à ONG Viva Rio.
Anna Maria Pinho Madureira: Autora de Histórias da Vida , é historiadora e pesquisadora da ONG DAVIDA. Realizou, nesta posição, um projeto de história oral com foco na trajetória das prostitutas tanto pelo ângulo de suas vidas pessoais quanto pela militância.Tramas Urbanas
Nega Gizza nascida na favela de Parque Esperança, no Rio de Janeiro, é rapper e foi a primeira locutora oficial de um programa de Rap. Gizza é vencedora de vários prêmios Hutuz, e diretora da LIBBRA – Liga Brasileira de Basquete de Rua.
Celso Athayde: fundador da CUFA, criador e produtor do prêmio Hutúz, é ainda um dos mais atuantes empresários de rap e hip hop do país.
Carmen Luz: coreógrafa, dançarina, atriz, professora e diretora de teatro, com vasta e reconhecida experiência em arte-educação e práticas comunitárias. É bacharel e licenciada pela UFRJ em Português/Literatura e pós-graduada também pela UFRJ em Teatro. É conselheira do centro coreográfico do Rio de Janeiro e foi de 2001 a 2006, diretora do Centro Cultural José Bonifacio – Centro de Referência da Cultura Afro-brasileira da cidade do Rio de Janeiro. . Tem realizado com sua companhia projetos artísticos em parceria com coreógrafos brasileiros, europeus e americanos. É fundadora e diretora geral da Cia. Étnica de Dança e Teatro, formada por jovens artistas oriundos de favelas e outras comunidades materialmente pobres da cidade do Rio de Janeiro.
Jaílson de Souza coordenador geral do Observatório de Favelas, no Rio de Janeiro, consultor das Nações Unidas e professor da faculdade de educação da UFF. Foi um dos fundadores do CEASM – Centro de Estudos e Articulações Solidárias da Maré. É autor dos livros Porque uns e não outros e Favela, alegria e dor na cidade, entre outros.
Maria Teresa Leal: socióloga, formada pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, possui especialização em Arte Educação. É fundadora e coordenadora executiva da COOPA-ROCA – Cooperativa de Trabalho Artesanal e de Costura da Rocinha. Coordena os grupos de produção e as oficinas de qualificação das técnicas artesanais da cooperativa. Em 2002 criou a exposição bienal Retalhar. Ganhou os prêmios Ação Afirmativa Atitude Positiva, CEAP, Xerox, Ford Foundation, OIT, 2003 e Prix pour L’Action Humanitaire, Revista Madame Figaro, Joalheria Chopard, 1998.
Guti Fraga: ator e diretor, fundou o grupo Nós do Morro no Morro do Vidigal, no Rio de Janeiro, em 1986. Começou como uma oficina de teatro, acabou se tornando um dos mais importantes Pontos de Cultura do país. “Não fundei apenas um projeto, mas um pensamento coletivo e solidário”, diz Fraga
Joselito Crispim: educador Comunitário, atua em Alagados, na Bahia, fundador do Projeto Bagunçasso e cineasta, tendo realizado os premiados “Ilha do Rato” e “29 polegadas”.
João Jorge: Mestre em Direito pela UNB, poeta, agitador cultural e presidente do Grupo Cultural Olodum (BA).
Renato L. Este nome é uma homenagem a Mark P, o cara que inventou o primeiro fanzine punk inglês, o Sniffing Glue. É jornalisa e ligado aos movimentos culturais das favelas de Recife.
Alto Falante Canibal, Neílton e Celo – integrantes da banda Devotos – criaram em 2002, juntamente com outras bandas do Alto José do Pinho, a ONG Alto Falante. O objetivo é reduzir as mazelas sociais no bairro, o que vem sendo conquistado através de ações educativas e culturais. Por meio de uma rádio comunitária auxiliam ainda a produção e o lançamento de projetos dos músicos da região.
Sérgio José Machado Leal (TR) Morador da Cidade de Deus, a conhecida favela da cidade do Rio de Janeiro, TR é um dos fundadores da ATCON-Atitude Consciente, uma organização balizada pelos princípios que orientam também o Hip-Hop. As experiências que viveu no movimento e as opiniões de inúmeros de seus atores, colhidas através de longas entrevistas, é o tema de Acorda Hip-Hop.
Marcelo Yuca ex-baterista e líder do Rappa, uma das bandas de pop-rock mais importantes do país, Marcelo Yuca formou a banda F.UR.T.O, Frente Urbana de Trabalhos Organizados. O primeiro CD da banda, Sangueaudiência, traz canções fortes. Com a força característica das letras de Yuca, as composições trazem críticas ao neo-liberalismo, imperialismo dos EUA, falta de união da América Latina e do terceiro mundo em geral, injustiça social, preconceito, reforma agrária e violência contemporânea. Musicalmente, o projeto é sobretudo eletrônico. Beats processados e dubs estão por toda a parte, fazendo a base para a voz sóbria de Maurício Pacheco.
DJ Raffa DJ Raffa entrou para o movimento hip-hop em 1982, como dançarino de break. Em 84 já ensaiava a criação de montagens para servir de base musical para os b.boys. Em 1989 ganhou bolsa para estudar no exterior, formando-se em Engenharia de Som no “Recording Workshop”, em Ohio, nos Estados Unidos. Nesse mesmo ano seu grupo lança o primeiro disco de Rap do DF, intitulado “A ousadia do Rap de Brasília”. Participou como dançarino profissional em espetáculos realizados em Chicago nos EUA e em Torino, na Itália, cursou Programação em Teclados e Seqüenciadores na Alemanha, Gravação e Mixagem para Engenheiros de Som nos Estados Unidos, Piano na Alemanha, Violino em Brasília, Dança Clássica no Brasil, na Alemanha e na Itália, e Break, Jazz e Dança Moderna nos Estados Unidos. Em 1990, Raffa lançou no mercado várias produções de sua autoria e, em 91, vem à luz o primeiro trabalho de seu grupo, Magrellos, pela Sony Music. Em 1992, formou o grupo de Rap “Baseado nas Ruas” e foi morar em São Paulo, onde trabalhou em diversos estúdios. Em 1993, o lançamento do segundo disco do “Baseado nas Ruas” marca a consolidação de Raffa como um dos Produtores de Rap Nacional mais solicitados do Brasil.
Misael Avelino dos Santos. fundador da RÁDIO FAVELA FM 104.5, criada numa favela de Belo Horizonte, na década de 80, pioneira e uma das mais importantes e bem sucedidas iniciativas em radio comunitária do país.
Mano Brown : o rapper, pseudônimo de Pedro Paulo Soares da Silva (nasceu em São Paulo, Brasil); é vocalista do grupo Racionais MC’s, grupo de rap formado na cidade de São Paulo em 1988. Mano Brown é considerado um grande ícone do rap brasileiro, apesar de que dificilmente aparece na mídia.
Gringo Cardia: designer, artista gráfico, cenógrafo, arquiteto, diretor de arte e diretor de videoclipes, teatro, opera e desfiles de moda, navegando com facilidade através dessas áreas.
Em 2000 ,fundou com a atriz Marisa Orth e a diretora Lucia Coelho a ONG Spectaculu / Kabum ! – Escola de formação de técnicos para a área de espetáculos e de design e tecnologia que atende a 350 adolescentes de camadas pobres da periferia do Rio de Janeiro.
Hermano Vianna : doutor em Antropologia Social pelo Museu Nacional/ UFRJ e pesquisador musical. É autor de O mundo funk carioca (Jorge Zahar, 1998), que lhe valeu o Troféu Amigo do Funk de 1994, e O mistério do samba (Ed. UFRJ, 1995), Também trabalha para o cinema e para a televisão, tendo participado da realização de programas como “African pop”, “Baila Caribe”, “Programa legal”, “Na geral”, “Brasil legal”, “Além-mar” , “Música do Brasil” e “Central da Periferia”. Coordenador do site Overmundo.