CONTRA-EPISTEMOLOGIAS FEMINISTAS
de Heloísa Buarque de Hollanda
Este projeto pretende pesquisar e estimular o debate que interpele a autoridade epistemológica eurocêntrica e heteronormativa, gerando um ambiente hermenêutico mais inclusivo.
Alguns estudos nessa direção surgem trazendo noções interessantes como o conceito de “injustiçaepistêmica" (Miranda Fricker), "infiltração pragmática" e “ponto de vista epistemológico” ou "saber situado" (Donna Haraway).
Em todos, torna-se central a interpelação da chamada objetividade científica como valor acadêmico. Stenger chama a isso de o "bom academicismo”, aquele que é aprovado e normatizado nos trabalhos científicos e acadêmicos, sem reconhecer a função da experiência no universo epistemológico.
Ainda segundo Stenger, na academia e mesmo nas artes, a dicção feminina é, invariavelmente psicologizada, negando a sugestão de Deleuze ao insistir na ideia de que os conceitos são contextuais e só assim podem ser avaliados. DonnaHaraway, neste caminho, procura defender a noção de “ponto de vista epistemológico” enquanto a de um “conhecimento situado”, em oposição a um relativismo aparente deste mesmo ponto de vista. Entrando na área científica, Sandra Harding insiste na sugestão metodológica da utilização da experiência das mulheres enquanto categoria de análise, uma outra forma mobilizar o capital e o potencial interpretativo da experiência pessoal, majoritariamente banida da produção de conhecimento vista como “legítima”.
Este debate vem constituindo um novo campo de estudos conhecido como Epistemologia Social. É nesse campo que esta pesquisa se situa.