GRINGO DE TODAS AS TRIBOS | 2008 

Local: Palácio das Artes – Belo Horizonte

Data: 29 de Fevereiro a 6 de Abril de 2008


Quem é Gringo Cardia

Designer, artista gráfico, cenógrafo, arquiteto, diretor de arte e diretor de videoclipes, teatro, opera e desfiles de moda, navegando com facilidade através dessas áreas.

Gringo Cardia é o precursor da multimídia no fazer artístico, tendo desde o início da carreira utilizado diversas linguagens e tecnologia na realização de seus trabalhos.

Eclético, sua produção vai de capa de disco a desfile de moda; do cenário para ópera a eventos como os prêmios Hutuz da CUFA e do AfroRegaae. Dirigiu mais de quarenta vídeo clipes dos principais cantores da MPB e ainda o novo DVD – da artista Xuxa,´´Xuxa Festa´´, todos feitos em animações gráficas; trabalha como cenógrafo e artista gráfico para a Joalheria H Stern em Nova York  e Rio de Janeiro; responsável pela criação do design e cenografia da Exposição Amazônia.Brasil (2002) e Estética da Periferia (2005); além de ser o responsável pela criação da cenografia da Cia de Dança Deborah Colker , dentre centenas de outras realizações. Foi responsável pela criação do design e cenografia da Exposição Amazônia.Brasil, 6.000 m2 no Sesc Pompéia, São Paulo, em 2002, e Rio de Janeiro 2004 e em Paris no “Palais de La decouvert” em 2005.

Em 2000, fundou com a atriz Marisa Orth e a diretora Lucia Coelho a ONG Spectaculu / Kabum !  – Escola de formação de técnicos para a área de espetáculos e de design e tecnologia que atende a 350 adolescentes de camadas pobres da periferia do Rio de Janeiro.

A exposição

A exposição será organizada de forma temática cobrindo uma área de criação do artista em cada um dos campos temáticos. O ambiente geral do conjunto das partes da exposição será balizado pela construção de grandes fragmentos em tamanho real dos melhores cenários de Gringo Cardia.

Assim teremos:

1. Cenografia – de 30 a 40  maquetes esquemáticas dos melhores trabalhos cenográficos de sua carreira.  Além da maquetes termos fotos, sala de videos e croquis de desenhos de cenografias realizadas.

2. Clipes e vídeos – uma sala interativa onde cada visitante possa escolher um vídeo par assistir de um menu de 50 ítens pelo menos. A ambientação desta sala será feita por reproduções de fotogramas e story boards com desenhos.

3. Capas de disco – Painéis com um seleção das melhores  capas de disco realizadas pelo artista. Essas capas serão ampliadas  e dispostas em  centenas, umas sobre as outras.

4. Figurinos – serão produzidos quatro figurinos reais mostrados em manequins inteiros e , nas paredes estarão sendo mostradas fotos com o resto da produção.

5. Infanto Juvenil – Trabalhos de dez anos na Intrépida Trupe e agora Xuxa.

6. Uma sala somente para trabalhos com a Deborah Colker.

7. Uma sala Greg Vanderlans  fotografias selcionadas.

8. Uma sala para trabalhos com moda.

9. Uma seção para arquitetura e design – Museu Telemar, Lojas e eventos

especiais.

10. Uma vitrine com peças gráficas especiais – Kits Maria Bethania, Marisa Monte, etc..

11. Uma sala com trabalhos sociais e da periferia Kabum, Spectaculu, Maquetes do Hutuz todos, Maquete do Afroreggae, Pineis e videos e Anistia Internacional.

Objetivo

Realizar uma exposição  sobre o melhor da obra de Gringo Cardia , um artista que se sobressaiu por sua atuação múltipla e original tanto na área da criação artística quando na área da inclusão social.

Um dos  direferenciais do conceito desta exposição será o de estabelecer uma curadoria do próprio artista numa procura de construir  uma mostra que privilegie o olhar do artista sobre sua obra e sobre si mesmo.


IMPRENSA

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO

Gringo Cardia de todas as tribos

O nome da exposição revela o artista: Gringo Cardia trabalha com todas as tribos e é um dos maiores profissionais multimídia do País. Atua como artista gráfico, cenógrafo, diretor de arte, diretor de videoclipes, de teatro e desfiles de moda. Nos anos 90, ganhou fama como o precursor de uma linguagem cenográfica criativa e ousada. Seu currículo possui trabalhos com os mais consagrados nomes nacionais, como Maria Bethânia, Cássia Eller, Intrépida Trupe e outros.

A exposição Gringo Cardia de todas as tribos ocorre de 29 de fevereiro a 6 de abril, na Galeria Alberto da Veiga Guignard, e reúne três décadas da produção do artista, desde suas inspirações às realizações em diversas áreas. O circuito começa pelas primeiras referências, desde os anos 70: mapa-múndi e seu interesse em viajar aos mais desconhecidos lugares do mundo; ícones da música, como Rita Lee, Maria Bethânia e David Bowie; grandes nomes do cinema como Bergman, George Lucas; artistas plásticos, como Dan Flavin e Jéssica Stockholder; além da ginástica olímpica, esporte que praticou durante a adolescência.

Nas décadas seguintes, cenografou shows, capas de CD/DVD e singles para os grupos como Blitz, Kid Abelha, Titãs, 14 Bis, Paralamas do Sucesso, Marina Lima, Rita Lee, Skank e outros sucessos. Em 1990, realizou seu primeiro trabalho cenográfico, a peça Fica comigo esta noite, com Débora Bloch e Luis Fernando Guimarães. Além da música, outros “núcleos” da produção de Gringo Cardia estão no circuito: seu trabalho junto ao teatro, como cenógrafo e designer, com destaque para a parceria duradoura com a Companhia de Dança Deborah Colker; as criações videográficas e 50 videoclipes assinados; a atividade de promoção da arte na periferia. Destes últimos, destacam-se trabalhos junto ao AfroReggae e à Central Única das Favelas (Cufa), ao Hutúz e à escola Spectaculu, de arte e tecnologia.

Gringo Cardia

Gringo Cardia nasceu em Uruguaiana (RS) e começou a atuar no final dos anos 70. Em sua trajetória, criou cenários para mais de 100 peças de teatro, sob direção de grandes nomes como Antonio Abujamra, Amir Haddad, Bia Lessa, Hector Babenco, Miguel Falabela, Enrique Diaz, Denise Stocklos e outros. Seu currículo também conta com direção de mais de 50 videoclipes institucionais e de música no Brasil.

O artista também marcou forte presença no exterior, realizando projetos de design para a joalheria H.Stern, em Nova Iorque, desenhando o pavilhão brasileiro na Expo 2000, em Hannover, Alemanha, além de ter criado o vídeo da campanha de controle de armas da Anistia Internacional, exibido em Londres e Nova Iorque. O trabalho reconhecido no Brasil e no exterior lhe rendeu os prêmios Shell, TIM, APCA, Sharp, APETESP, VMB Brasil, VMB USA 1990 e no Festival de Cinema de Brasília.

Atualmente, dirige a produtora Mesosfera com sua irmã, Gringa Cardia, no Rio de Janeiro. Criou, em 2000, a ONG Escola Fábrica de Espetáculos – Spectaculu, com a atriz Marisa Orth, para capacitar alunos de comunidades de baixa renda em técnicas de artes visuais.


OVERMUNDO

Gringo Cardia, artista multimídia ou…

São Silvestre · Belo Horizonte (MG) · 7/6/2008 04:27

Ao visitar a exposição “Gringo Cardia de todas as tribos” me ocorreu aquela pergunta que não quer calar, apesar de já encontrar muitas respostas, todas que servem é claro, mas que deixam sempre algo incompleto, uma incerteza, afinal o que é Arte Contemporânea? Se a pergunta anterior, o que é arte já não encontrava uma única respostas, essa então. Talvez a arte contemporânea se exprima mesmo nesta falta de certeza e esta seja sua marca. A questão me ocorreu enquanto tentava entender o que poderia vir a ser uma artista multimídia, achei que o melhor era partir do que é arte contemporânea para entender se a exposição dizer-se-ia de um artista multimídia ou se apenas um artífice bem sucedido da indústria cultural. Não encontrei resposta à partir da arte contemporânea, mas insisti em entender porque Gringo Cardia era apresentado, primeiro como artista e segundo como um artista multimídia.

A expressão Arte Contemporânea parece explicar tudo e ao mesmo tempo não explicar quase nada, uma paradoxo contemporâneo, mesmo porque algumas vezes não se quer é explicar mesmo nada, tudo está para ser interpretado, ou sentido, ou experimentado.

Gringo Cardia é apontado como um artista multimídia, artista gráfico, cenógrafo, diretor de arte, diretor de videoclipes, de teatro e desfiles de moda. Há, e isso não se discute, em suas obras uma apurada união de estética e de técnica, mas há também um convencionalismo próprio dos objetos interpretados. Ao se criar uma capa de disco, há que se trabalhar todos os aspectos inerentes a boa realização de um trabalho gráfico com tal finalidade, contudo, me pergunto, a arte se propõem a isso? A obra de arte, fruto da ação do artista presta-se a reduzir-se a um produto da indústria cultural, ou é antes um trabalho da genialidade do artista que guarda vínculo apenas com sua própria obra e ao que ela se propõe, o que seria, estimular os sentidos, instigar o intelecto?

Ainda que historicamente muitos artistas se propuseram a trabalhar e viver de sua arte colocando-a a serviço de todo tipo de interesse, havia na arte um sentido que extrapolava a órbita da pura sobrevivência, buscava-se um ideal de recriar a natureza, de interpretá-la. Os figurativos buscavam a capturar um momento fugaz da natureza ou da representação do ser humano. A arte moderna se desvincula da representação fiel e inicia um questionamento sobre questões de natureza da arte. Mesmo o contemporâneo descola-se das questões puramente artística e agregam questionamentos sobre a condição humana, ora meramente filosófica, ora de natureza psíquica, ora de crítica a própria cultura. Muitos diriam, mas a capa de CD é senão o veículo, o suporte de concretização daquela arte. Não podemos desmerecer, mais uma vez repito, a elaboração do conceito, da escolha do tema e o tratamento dispensado, a expressão da individualidade do indivíduo na formalização do objeto. Contudo, isso é arte? O resultado é para mim puramente comercial.

Prossigo a visita à exposição, e logo no primeiro ambiente, um texto muito bem elaborado me faz uma apresentação do “artista”. Há também uma curiosa exposição de objetos pessoais intitulada “referências do artista”. Expostos estão livros, anotações, croquis, brinquedos, revistas em quadrinho, miniaturas etc. Eu logo me perguntei, será que isso é necessário? Será que não nos contentaríamos apenas com as obras, para posteriormente nos concentrarmos nas referências do artista, curiosos estaríamos, após conhecer as obras, da personalidade do autor e de sua história. A inversão é de certa forma uma característica desses tempos de incertezas na arte. Logo me ocorreu que na arte contemporânea a mitificação do artista é quase que necessária, ela deve acompanhar a obra sob pena de que esta se perca pela falta de conteúdo, é óbvio que isso não se aplica a todos os artistas, mas aqui pareceu necessária. Vi que é preciso antes de tudo que se reconheça o artista, que se conheça sua trajetória, como ele vivia, e suas referência, mesmo que estas não sejam capazes, de justificar qualquer ato impresso em suas obras. Pensei ainda: suas referências se resumem a isso? Mas tudo pode ser uma leitura rápida ou equivocada e que outras leituras seriam possíveis, e sempre são. Para que não pareça uma má vontade premeditada, acredito até ser possível aplicar-se uma leitura semiótica, mas isso também é uma simplificação desnecessária.

No segundo ambiente a expectativa é grande, pois estaria diante dos cenários elaborados pelo artista, mas a decepção é do tamanho das imensas fotos dos esperados cenários. Ao observar as grandes fotos uma questão logo me ocorreu, qual o grau de interferência do fotógrafo sobre aquela obra? O mérito estaria na tradução, no recorte, na qualidade do equipamento, no olhar do fotógrafo, na revelação e impressão primorosa ou realmente se tratava de uma representação fiel de um cenário realmente impressionante? Antes que me tomem por apressado, ou desinformado, sei bem que isso não se trata de um problema unicamente do “artista”, questões de natureza prática dificultam a apreciação da obra, muitos artistas contemporâneos registram suas obras pela impossibilidade de reprodução ou da espontaneidade com que elas ocorrem no momento e no lugar onde se propõe acontecer, ocorre nestes casos um registro, que acompanha o sentido da obra. As fotografias dos cenários não são registros e sim uma tradução que transfigura a obra original. Mas o problema não me parece apontar apenas nesta direção, cenografia é arte? Cenografia é um elemento de uma arte maior, um espetáculo, assim como é todos os outros elementos, como a iluminação por exemplo. Destacar um elemento como uma obra em si, é para mim, desconsiderar outros que tornam uma obra completa, sem falar nas dezenas de pessoas que estão envolvidas num espetáculo que propiciam o sucesso do mesmo. E a visão da direção geral do espetáculo, não ocorre interferir no resultado final de um cenário? Passo a achar que o equívoco está na minha expectativa e não no que se propõe a exposição e por isso prossigo mais cauteloso.

Outros fragmentos de outras obras vão aparecendo e eu vou me adentrando neste mundo particular do “artista” (espero até o final desta reflexão remover estas aspas), em que a virtualidade predomina, até que me deparo com as capas de cds, dvds, a arte gráfica propriamente dita. Minha incerteza quanto a proposta da exposição aumenta e e começo a chegar a algumas conclusões. A primeira é que há realmente um equívoco ao intitular Gringo Cardia como um artista, a segunda é que o equívoco maior é intitula-lo um artista multimídia, é lógico que um decorre do outro. Gringo Cardia é sem dúvida um excelente profissional, criativo e ousado, mas suas criações são em última análise um produto, mesmo que um produto da indústria cultural, que guarda uma relação de referência com a arte, mas não poderia figurar com um trabalho puramente artístico, o vínculo com o comercial a distingue por oposição. A obra de arte poderia ter um valor comercial que a posteriori lhe é apontada, mas não teria a princípio a função de ser um produto.

Gringo Cardia e todas as tribos, ou de quase todas, uma tribo com certeza não o admitiria sob pena de não mais reconhecer seus estatutos, a dos artistas.

Prefiro terminar por aqui e não me aprofundar no interior da exposição, para não me desapontar por completo, não com o Gringo Cardia, mas com a concepção equivocada da exposição, que poderia ser mais comedida e reservar um título mais adequado, algo como: “exposição dos trabalhos do profissional multimídia Gringo Cardia”.

Por: Adilson Bernardo Silvestre


PARAGON BRASIL

Exposição dos trabalhos de Gringo Cardia surpreende o público no evento de abertura

“Nos deparamos com vários territórios, várias fronteiras. Uma verdadeira dicção plural artística. Minas Gerais, precisamente o Palácio das Artes, não poderia deixar de sediar essa exposição, que representa a verdadeira diversidade da arte contemporânea. Gringo Cardia é um dos maiores artistas da atualidade, um profissional ímpar, com uma forma de criar multifacetada, que vai além do nosso imaginário”, disse a secretária de Estado de Cultura de Minas Gerais, Eleonora Santa Rosa, no evento de abertura da exposição “Gringo Cardia de Todas as Tribos”, uma realização da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais e da Fundação Clóvis Salgado, na última quinta-feira, dia 28, na Galeria Alberto da Veiga Guignard, no Palácio das Artes.

A trajetória de um dos maiores profissionais multimídia do país, Gringo Cardia, poderá ser vista até 06 de abril, numa exposição que reúne quase três décadas de produções em cenografia, vídeo, moda, arquitetura e artes gráficas. Intitulada ‘Gringo Cardia de Todas as Tribos’, a mostra, que comemora os 30 anos de carreira de Gringo Cardia, surpreendeu o público já na noite de abertura, por sua criatividade, ousadia e versatilidade. Cerca de 750 pessoas visitaram a exposição no dia da abertura. Além da secretária Eleonora Santa Rosa e de Gringo Cardia, também prestigiaram o evento o secretário-adjunto de Cultura, Marcelo Braga, os músicos do Skank, Samuel Rosa e Henrique Portugal, o estilista Ronaldo Fraga e a artista plástica Yara Tupinambá.

“A exposição foi maravilhosa, compareceram vários amigos, pessoas conhecidas com quem trabalhei, artistas de todas as áreas. O setor cultural em Minas, a Secretaria de Cultura e todo o movimento cultural são excepcionais. Tudo muito dinâmico e de qualidade, isso é exemplo para o Brasil inteiro”, disse Gringo Cardia que afirmou que pretende voltar para Minas em breve, com o objetivo de visitar lugares e realizar palestras.

Para Samuel Rosa, “o mais importante nessa exposição é mostrar que ninguém faz nada sozinho, que por trás de marcas e nomes existe uma cabeça pensando: entra o artista. Sem Gringo Cardia não dá pra contar a história da Arte Contemporânea brasileira”. O estilista mineiro Ronaldo Fraga define a marca de Gringo como a “sofisticação do universo pop brasileiro”.


ARCOWEB

Formado em arquitetura no início dos anos 1980 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na ilha do Fundão, Gringo Cardia foi um dos protagonistas do design gráfico ligado ao apogeu da indústria fonográfica brasileira, para a qual fez capas de discos e de onde partiu para a cenografia e a direção de shows. Estava aberto o caminho que o levaria à criação de cenários para o teatro – Fica comigo esta noite, escrita por Flávio de Souza, foi um dos primeiros trabalhos de Gringo na área e acabou conquistando o Prêmio Shell na categoria cenografia em 1992 – e à grande diversidade que caracteriza sua atuação. Boa parte dessa história foi apresentada na mostra Gringo Cardia – De Todas as Tribos, que esteve em cartaz no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro, entre outubro e dezembro de 2007. A exposição agora se prepara para estrear em Minas Gerais (no Palácio das Artes, de 28 de fevereiro a 6 de abril de 2008) e em 2009 provavelmente poderá ser vista em São Paulo.