ESTÉTICA DA PERIFERIA | 2005 e 2007
Há alguns dias, o jornal londrino Times abria uma página elogiosa e dava cinco estrelas para o Show da Banda Afro Reggae que acontecera na véspera, platéia lotada, no Barbicon Center. Isso é uma pequena mostra da qualidade e do poder de difusão da estética da periferia hoje no Brasil.
O que é importante observar é que isso acontece num cenário internacional, onde fala-se da ameaça da “humanidade excedente” ou de uma favelização progressiva em nível global. O relatório da Unesco Habitat demonstra que a equação excesso de população + desemprego aponta para um crescimento da população favelada mundial na proporção de 25.000.000 de pessoas por ano, desenhando um perfil dramático de desigualdade nas nações periféricas.
Paradoxalmente, ao lado desses números inquietantes, é a cultura da periferia e seu poder de resistência e criatividade artística que vem se firmando como a grande novidade que vai marcar a cultura do século XXI.
Seja o traço forte do grafite, expressão afirmativa de arte pública, seja a música, potencializando seu poder de ligação entre o asfalto e a favela, o rap com a levada poderosa da poesia de denúncia, a vitalidade do funk investindo no saber da festa como fator agregador de diferenças, ou a moda, a arquitetura e o design trazendo novas soluções para o mercado tradicional de cultura. O que é cada vez mais evidente, é que o potencial criativo e transformador da cultura das periferias ainda não foi avaliado corretamente.
Em plano geral, no Brasil, teríamos o cenário de um inesgotável laboratório de sobrevivência e invenção feito de brodagem, de articulações, redes e experimentações que desafiam o desenho das fronteiras territoriais. São várias as nossas periferias, com perfis próprios, surpreendendo Brasil afora.
Em close, atores, cada vez mais numerosos, se empenham numa cultura da procura, numa arte de descoberta de linguagens e estéticas próprias, na utilização das tecnologias digitais para a criação de uma cultura livre e mais democrática e, consequentemente , de novas formas de luta pela visibilidade e pelo fim das desigualdades.
Essa é a matéria prima tanto da exposição Estética da Periferia realizada no Rio de Janeiro em 2005 bem como do diálogo proposto por esta nova exposição no MAMAM em Recife, uma das periferias culturalmente mais ricas do pais. Ambas com a curadoria especialíssima de Gringo Cardia. Coordenador do Projeto Kabum!, não é de hoje que Gringo mostra sua atração por esta estética ao lado de um forte investimento no trabalho com a periferia. Os parceiros desse projeto, nossos consultores, são Regina Casé, criadora do programa Central da Periferia, precursora e protagonista por excelência dos diálogos entre periferia e asfalto, muito antes dessas novas estéticas merecerem qualquer tipo de atenção, José Junior, coordenador do Afro Reggae, o caso mais surpreendente de empreendedorismo e talento inventivo e multiplicador e Mabuse, reponsável pela curadoria da pesquisa local. Outra participação valiosa que tivemos, no seminário de criação deste projeto, foi a contribuição do SESC SP, instituição modelo no trabalho articulador da cultura das periferias paulistas. E, finalmente, o apoio incondicional de Moacir dos Anjos, que deu força a esse trabalho dede seus primeiros momentos e de Cristiana Tejo que nos abriu o MAMAM, acreditando, como nós, que a arte da periferia deve ser mostrada à cidade em seu maior e mais prestigiado espaço de arte e cultura.
Antes das exposições, um LIQUIDIFICADOR CENOGRÁFICO
Estética da Periferia I – Inclusão Cultural e Cidadania
Objetivo
Este projeto pretende a criação e produção de um fórum de debates, uma exposição e um livro sobre a cultura da periferia.
A discussão sobre a questão da cultura como inclusão social e acesso à cidadania e a articulação entre os novos agentes desta produção e consumo artístico é matéria de primeira necessidade.
Hoje, a produção cultural da periferia surge como a experiência mais importante de resposta aos problemas de exclusão e da desigualdade social, além de ter-se tornado um dos mais importantes fatores de conscientização do conjunto da sociedade em relação à sua responsabilidade social.
O projeto prevê dois eixos de resultados.
1. Um fórum que gere um processo de reflexão estratégica coletiva, originado do encontro entre agentes culturais, grupos artísticos, redes, ONGs, agências formuladoras de políticas sociais.
2. A montagem de uma exposição e de duas publicações que promovam a divulgação desta produção e ações de intercâmbio entre estes artistas e os vários segmentos da sociedade civil.
O NOVO IMAGINÁRIO URBANO (o fórum)
Inclusão Cultural e Cidadania
Data: 17 e 18 de março de 2005
Local: Fórum de Ciência e Cultura, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Objetivo: Ainda que o tema da inclusão social comece a ser objeto de discussão e atenção de programas sociais públicos e privados, da curiosidade jornalística, de pesquisas antropológicas, estudos teóricos e análises políticas, é importante a promoção de encontros que abram um espaço democrático de articulação entre estes movimentos culturais e suas redes apoio, produção e consumo.
É neste sentido, que o fórum “O Novo Imaginário Urbano – Inclusão Cultural e Cidadania” vai procurar garantir para estes novos agentes culturais um espaço aberto de reflexão, para o debate de idéias e troca de experiências e, sobretudo, para a articulação de políticas e alternativas eficazes para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Eixos Temáticos
1. Cultura, fator de geração de emprego
2. Cultura, políticas estéticas e espaços urbanos
3. Ética, mídia e mercado
Painéis
Os painéis são fechados e têm como objetivo abrir espaços para o encontro, a troca de experiências, a articulação, o planejamento e a definição de estratégias de grupos, coalizões e redes. . Além de ser um momento privilegiado para exposição de propostas e ações na área da cultura consideradas projetos exemplares de políticas de inclusão social. O objetivo de auto sustentabilidade dos movimentos culturais deve ser um critério valorizado na seleção dos casos. Os resultados dos painéis serão publicados num folheto impresso para distribuição gratuita.
Programa
DIA 1
Painel 1 : Mídia , ética e estética
Participantes: Armando Strozenberg, Carmen Luz, Celso Athayde, Guti Fraga, Fernando Mello, Écio Salles, Hermano Vianna, Hilton Cobra, Ivana Bentes, Silvia Sotter, Tião Santos, Marcos Sá Correia, Nizan Guanaes, Paulo Herkenroff, Maria Elisa Costa, Marcio Meirelles, Marcelo Yuka, Rosane Swartman.
Painel 2: Redes de Ativismo e Cultura
Participantes: Jorge Duarte, Jaílson de Souza e Silva, Mano Brown, Rumba do Jacarezinho, Tati Quebra- barraco, Wallace Hermann Jr., MV Bill, Vincent Rosenblatt, João Moreira Salles, Ilana Strozemberg, Binho, Maria Teresa Leal.
Painel 3: Cultura, Estado e Mercado: uma equação possível?
Participantes: André Midani, Itamar Silva, José Luiz Summer, José Márcio Camargo, Lia Rodrigues, Marta Porto, Regina Novaes, Juca Ferreira, Ricardo Macieira, José Junior, André Urani, Dietmar Starke e Lu Peterson.
Painel 4: Conclusão e Resultados com a presença de todos os participantes
DIA 2
Painel 1 : Mídia , ética e estética
Participantes: Armando Strozenberg, Carmen Luz, Celso Athayde, Guti Fraga, Fernando Mello, Écio Salles, Hermano Vianna, Hilton Cobra, Ivana Bentes, Silvia Sotter, Tião Santos, Marcos Sá Correia, Nizan Guanaes, Paulo Herkenroff, Maria Elisa Costa, Marcio Meirelles, Marcelo Yuka, Rosane Swartman.
Painel 2: Redes de Ativismo e Cultura
Participantes: Jorge Duarte, Jaílson de Souza e Silva, Mano Brown, Rumba do Jacarezinho, Tati Quebra-Barraco, Wallace Hermann Jr., MV Bill, Vincent Rosenblatt, João Moreira Salles, Ilana Strozemberg, Binho, Maria Teresa Leal.
Painel 3: Cultura, Estado e Mercado: uma equação possível?
Participantes: André Midani, Itamar Silva, José Luiz Summer, José Márcio Camargo, Lia Rodrigues, Marta Porto, Regina Novaes, Juca Ferreira, Ricardo Macieira, José Junior, André Urani, Dietmar Starke e Lu Peterson.
ESTÉTICA DA PERIFERIA (a primeira exposição)
Coordenação geral: Heloísa Buarque de Hollanda
Curadoria: Gringo Cardia
Local: Espaço Cultural dos Correios ou MAM – RJ
Data: 20 de março até 30 de abril 2005
As expressões e manifestações culturais e artísticas periféricas vem se afirmando com grande impacto e eficácia no mercado cultural ao longo destes últimos anos.
A inserção pela criação artística através da música, do rap, da dança, do teatro, do grafitte, urbano, da moda e do comportamento é sem dúvida a grande novidade cultural e política desse início de século
Para registrar e divulgar estas novas expressões, o projeto prevê uma exposição cujo objetivo é cobrir a visualidade do estilo e da linguagem cultural da periferia.
Aqui serão incluídos pinturas, desenhos, fotografias, vídeos, moda, cartoons, design gráfico, design de produto, grafittis, maquetes de arquitetura, tatuagens de presídio.
Na abertura da Exposição, serão apresentadas performance dos Grupos Imaginário Periférico e Show do grupo Hapax
Nesta ocasião, será oferecido um coquetel e promovido o lançamento do livro Estéticas da Periferia.
Mais sobre o Projeto
Uma exposição sobre a visualidade e a linguagem cultural da periferia do Rio de Janeiro, retratando sua maneira própria de captar o mundo da mídia e da moda de forma antropofágica, transformadora e criativa, dentro de sua realidade econômica.
Para o desenvolvimento das peças gráficas da exposição, a Tecnopop reprocessou as imagens dos subúrbio do Rio de Janeiro, indo do despojamento do funk à presença visual das favelas e mapeando algumas dessas visões criativas nos campos da arquitetura, artes visuais, desenho industrial, comportamento e moda.
Foi realizada uma difícil filtragem na escolha das imagens, dentro de um vasto acervo de fotografias recolhidas pela equipe do curador para a exposição. Depoimentos de autores relacionados ao assunto da exposição foram selecionados, e um encarte dentro do catálogo serviu de documentação do seminário “Estética da periferia urbana”.
ESTÉTICA DA PERIFERIA II: DIÁLOGOS URGENTES (a segunda exposição)
Coordenação Geral: Heloisa Buarque de Hollanda e Eva Doris Rosental
Curadoria da exposição: Gringo Cardia
Local: MAMAM – Recife
Data: 30 de novembro de 2006 a 20 de fevereiro de 2007
Introdução
Diante do sucesso e da resposta gerados pelo seminário e pela exposição Estética da Periferia: inclusão cultural e cidadania, realizados em 2005, propomos o desenvolvimento deste projeto agora com novo foco: a troca de experiências, estilos e políticas sociais.
Este projeto se propõe extensivo e pretende promover o diálogo e a formação de redes entre os projetos de inclusão cultural e cidadania através da criação artística por jovens de baixa renda no território nacional.
A idéia é fazer um recorte representativo da Exposição Estética da Periferia, montada no Rio de Janeiro em 2005, e levar este módulo para ser mostrado junto com uma exposição local inédita sobre o mesmo tema em outras regiões do país. A exposição final seria um encontro entre as duas culturas, suas diferenças, semelhanças e cruzamentos políticos e artísticos. Alimentando a mostra, seriam organizados seminários com presença de artistas, acadêmicos, pensadores locais e de fora da região escolhida, como espaço aberto e democrático para a troca de experiências e formação de redes.
A importância do encontro entre grupos com experiências estéticas e sociais similares, especialmente aqueles entre regiões com culturas marcadamente diferenciadas, vai além da simples (ainda que fundamental) divulgação de experiências, aprendizado e reforço dos poderes locais.
Levi Strauss, ao pensar a noção de cultura, nos oferece uma definição seminal. Diz ele: “Uma cultura só se reconhece como tal e se define no contato com outra cultura”. Ou seja, a cultura nasce quando identifica sua diferença.
Nesse sentido, o diálogo aqui proposto pretende promover o aprofundamento da autodefinição das culturas e estéticas das periferias dos nossos centros urbanos. Por outro lado, a montagem dos trabalhos através dessa perspectiva comparativa vai abrir discussões fundamentais sobre os novos sentidos da produção artística e seu potencial de inclusão social, os resultados locais destas propostas e o estabelecimento de redes nacionais e internacionais de criação e trabalho político.
Propomos Recife como local de uma primeira experiência, a ser realizada em 2006, em virtude da reconhecida força atual da cultura pernambucana realizada nas periferias urbanas e favelas. Talvez possa mesmo se dizer que a primeira experiência exemplar de sucesso e projeção fora das fronteiras de Pernambuco tenha sido o Mangue Bit. A riqueza regional da cultura do nordeste e especialmente de Pernambuco, de forma extremamente vigorosa, “contaminou” as populações de favelas e comunidades de baixa renda da região que vem, neste sentido, destacando-se nacionalmente. Nesse rastro ou sintonizada no mesmo espírito vem florescendo uma cultura forte e original, como pode ser visto pela repercussão do novo cinema pernambucano, pela música, teatro e dança locais.
Nota explicativa sobre a Exposição Estética da Periferia: inclusão cultural e cidadania, realizada em 2005, com o patrocínio da Petrobrás
Esta exposição foi sugerida pelo crescente impacto na criação e no mercado cultural que vêm demonstrando as expressões e manifestações culturais e artísticas periféricas ao longo destes últimos anos, tornando-se mesmo a grande novidade cultural e política desse início de século.
A concepção básica desta mostra foi a de cobrir a visualidade do estilo e da linguagem cultural da periferia e sua maneira própria de estar antenada ao mundo da mídia e da moda de uma maneira própria, antropofágica, transformadora e criativa.
As periferias dos grandes centros urbanos tornaram-se, neste início de século, protagonistas e inventoras de modas e estéticas que acabam às vezes ditando a estética das camadas economicamente mais altas, como a moda inspirada no funk ou mesmo do próprio design favela, festejado por importantes arquitetos e designers.
Assim esta exposição mapeou algumas dessas visões criativas em 4 campos – o da arquitetura, o das artes visuais, do design e o da moda e comportamento. A curadoria da exposição foi realizada por uma equipe de artistas, universitários e profissionais junior, sob a coordenação de Gringo Cardia.
Seu impacto e as respostas que gerou sinalizaram a importância da divulgação, sob a ótica da qualidade, desta produção muitas vezes desconhecida, não apenas nas classes alta e média, mas muitas vezes mesmo entre os pares e moradores destas regiões culturais.
Foi a natureza desta resposta que nos fez pensar em uma segunda fase, seguindo os mesmo critérios curatoriais, levar esta experiência para dialogar com a produção das periferias de outras metrópoles brasileiras.
Este projeto
A exposição Estética da Periferia: Diálogos Urgentes pretende promover uma mostra comparativa entre a produção cultural da periferia de Recife e a do Rio de Janeiro, mantendo os mesmos 4 campos de atuação – o da arquitetura, o das artes visuais, do design e o da moda e comportamento. Da mesma forma a concepção conceitual e curatorial desta nova exposição, manterá o compromisso anterior com o olhar que recusa radicalmente a perspectiva folclórica, “social” ou a antropológica, a favor da seleção que privilegie a qualidade visual e artística do material selecionado, enquanto uma síntese do melhor da estética contemporânea.
Como parte inseparável do projeto, previmos a realização de um seminário, a ocorrer nos 2 dias imediatamente anteriores à abertura da exposição. Dividido em duas grandes seções, o seminário, num primeiro painel – de abertura – que leva o nome do projeto “Estética da Periferia: Diálogos Urgentes” contará com a presença do designer, cenógrafo, diretor da ONG Spetaculu e curador da exposição Gringo Cardia; da intelectual Heloisa Buarque de Hollanda; do curador de artes plásticas, escritor e diretor do MAMAM Moacir dos Anjos, da arquiteta e pensadora Janete Costa e de artistas consagrados da periferia de Recife, que discutirão os caminhos e potencialidades desta nova forma de produção e intervenção culturais. O segundo painel, intitulado “De que falam as novas estéticas?” reunirá artistas que integram a mostra, curadores, dois especialistas em artes visuais, um especialista em software livre, além de um profissional da área da crítica da cultura para coordenar os debates e apresentações .
Metodologia
Em Recife o projeto contará com um conselho consultivo formado por:
Moacir do Anjos (diretor do MAMAM)
José Paulo Cavalcanti (advogado)
Janete Costa (arquiteta e pesquisadora)
Tereza Costa Rego (artista plástica)
Mabusi (designer)
Grupo Canibal
Grupo Alto Falante
Chico Accioly (produtor)
O processo de pesquisa e produção necessários para a montagem desta exposição (pesquisa, documentação, escolha dos materiais, montagem, produção, iluminação, cenotécnica), será desenvolvido em Recife, por uma equipe local em interlocução contínua com a coordenação do projeto.
A pesquisa será feita por pesquisadores universitários, artistas e profissionais junior, selecionados a partir de questionários e entrevistas com a coordenação do projeto.
A coordenação local da produção será da ONG Auçuba que estará hospedando o Projeto KABUN do Instituto Telemar em parceria com Gringo Cardia em Recife a partir de 2006.
Cronograma de produção
Maio 2006 – viagem do curador (Gringo Cardia) e produtor (Chico Accioly) para articular primeiros contatos, implementar processo de seleção da equipe de colaboradores locais e de um programa de ação e acompanhamento da pesquisa.
Maio/junho/ julho 2006 – mapeamento de fontes e desenvolvimento da pesquisa em Recife.
Maio/ junho – convite aos participantes dos seminários.
Primeira semana de julho – viagem do curador para pré-seleção do material a ser exposto e elaboração da planta da exposição.
Agosto: preparação do material gráfico.
Primeira/segunda semana de setembro: viagem do curador e assistente para seleção final do material a ser exposto.
Terceira semana de setembro – Pré-montagem, no Rio de Janeiro, do módulo a ser enviado para Recife.
Outubro – transporte do módulo Rio de Janeiro e montagem da exposição.
Novembro – abertura da exposição e realização dos seminários.
Memorial descritivo da exposição
Nível Térreo
No Foyer da entrada principal se localiza o texto conceitual da exposição e uma ficha técnica detalhada.
Na sala comprida embaixo da escada
Núcleo de Design
Estantes e vitrines mostram a produção de objetos de arte e de mobília que representam a criatividade e a estética da periferia com suas limitações de materiais, diversidade de reaproveitamentos e redefinição de funções (como por exemplo objetos que ganham nova função mantendo-se na mesma forma, com adaptações – caixas de plástico que viram rádios).
Sobre um tablado serão expostos móveis e objetos de design escolhidos, dando uma visibilidade mais limpa para os mesmos.
Sala principal
Núcleo de Programação visual
A grande sala do andar é dividida por uma parede de portas deslizantes que mostra vários grafitis e street art de variadas estéticas para dar um panorama da criação de design visual urbano. Cada tribo escolhida pinta uma destas portas. Assim temos espaço suficiente para quinze a vinte artistas.
Uma parte desta sala ainda pode conter esculturas e objetos soltos de design. As paredes são revestidas com colagem de cartazes e lambe-lambes de muro, fazendo uma referência aos muros das metrópoles e de suas letras e grafismos.
No outro lado da diagonal, a sala também é revestida de lambe-lambes preto e branco e no meio da mesma encontra-se uma caixa / cubo / cinema, para cinco pessoas entrarem e sentarem no chão.
No exterior deste cubo, artistas letristas da periferia escrevem pensamentos de filósofos famosos, fazendo uma releitura de pára-choques de caminhões e frases de efeito.
No interior da caixa, vídeos curtos de até 3 minutos mostram a produção de vídeos e curtas da periferia. O programa é feito em looping de maneira que uma pessoa possa ver diferentes programas em diferentes dias.
Primeiro pavimento
Sala principal
Arquitetura / Moda e Comportamento
Esta sala é dividida por uma parede de materiais usados pela periferia como divisória de seus barracos ou outras opções criativas de materiais de construção.
Uma floresta de cubos de alturas diferentes, mostra através de fotografias closes de construções, fachadas, materiais e acabamentos usados em arquitetura.
Estas fotos serão feitas na periferia de Recife e selecionadas para formar esta edição plástica de detalhes.
Um box representa um botequim de periferia. Este espaço será inteiramente inspirado em botequins locais, colocando a verdadeira inspiração popular. Este bar será escolhido durante a pesquisa local para a exposição.
Dentro deste espaço, um DJ coloca músicas, fazendo uma alusão a forte presença da música na estética da periferia. Grades ou elementos de periferia/arquitetura compõe o box do bar.
Na outra metade da sala 20 fotos gigantes de moda e comportamento. Estas fotos serão tiradas in loco nos bailes e locais onde a juventude se encontra. Estas fotos procuram mostrar a diversidade e a criatividade dos jovens que têm pouco dinheiro para fazer o seu estilo e assinar a sua individualidade.
Uma seqüência de manequins mostra looks bem típicos de periferia que são incorporados como moda pela elite.
Duas mesas mostram materiais e técnicas de tecelagem, acabamento e acessórios que são inventadas a partir de orçamentos baratos e reaproveitamento de materiais.
Pequenas salas conjuntas
Estas duas pequenas salas mostram aspectos diversos da periferia. Uma mostra o estilo das prostitutas e da zona de meretrício da cidade através de uma exposição de fotos. A outra mostra um barraco com seu interior e coisas que encontraremos dentro das casas da favela local.
Sala grande no fundo do corredor
Sala dedicada a parceria da Revista COLORS/Benetton italiana. Esta revista há mais de duas décadas mostra e valoriza a estética do resto do mundo. Uma estética da pobreza, do mundo inteiro que mostra a beleza e a criatividade do design popular. Esta revista é respeitada no mundo inteiro e aqui nesta exposição ela mostra o seu olhar sobre a Rocinha, através de uma exposição de fotografias sobre a comunidade.
Em uma parede ficam todas as fotografias da exposição no formato de 25×25 cm. Na outra parede um painel de street art com colagens e estencils retratando o panorama de arte urbano nacional. No meio, uma grande bancada com todas as publicações da COLORS referentes ao assunto estética e periferia.
Segundo Pavimento
Este andar mostra um resumo da exposição Rio de Janeiro de maneira a dialogar com as fontes estéticas e de originalidade.
Hall de chegada da escada
Fichas técnicas , conceito e resultados das ações realizadas na periferia do Rio de Janeiro.
Sala Mezanino com vazio para sala 1o pavimento
Moda e Comportamento
Fotos dos tipos e estilos de jovens fotografados em bailes da periferia. Bailes funk e charm
Manequins com calças típicas da periferia / marca do subúrbio carioca.
Manequins com looks de grifes famosas em parceria com trabalhos de comunidades.
Manequins com look DASPU – organização civil das prostitutas do Rio de Janeiro.
Sala Menor
Arquitetura
Paredes de garrafas PET / Design comunidade do Morro Dona Marta.
Floresta de cubos de alturas diferentes com fotos de detalhes de arquitetura típica do subúrbio, com soluções de design e funcionamento.
Instalação de grades – típicas de janelas e portas dos subúrbios.
Sala Maior no final do Hall de entrada
Design e Programação Visual
Sala dividida por uma parede de portas deslizantes com vários estilos de grafitti e street art do Rio de Janeiro. Em uma das metades da sala, espaço reservado para exposição de design com estantes e vitrines de objetos e tablado com móveis e objetos de design. Na outra metade da sala uma das paredes é coberta com lambe-lambes e cartazes de muros. A outra parede é forrada com composições de letristas da favela, com pensamentos filosóficos ao estilo de pára-choques de caminhões e mensagens religiosas.
IMPRENSA
OVERMUNDO
Estética da Periferia vai virar exposição no Mamam
Marcelo Manzatti, São Paulo (SP) · 14/5/2007 13:41
O Recife é a segunda cidade do país a receber o projeto Estética da Periferia: Diálogos Urgentes, que teve início, nessa quarta-feira (02), na Livraria Cultura, Bairro do Recife (Centro). O projeto tem a coordenação da pesquisadora Heloísa Buarque e curadoria do cenógrafo Gringo Cardia, que também comandaram a primeira edição, no Rio de Janeiro, em 2005.
“Faremos um laboratório e formaremos um grupo de trabalho. Queremos fazer um diálogo entre a periferia do Recife e a do Rio de Janeiro, porque as periferias são similares, mas têm suas diferenças”, disse Heloísa.
Em sua primeira fase, o projeto está realizando um seminário na Livraria Cultura, até esta quinta-feira (03), visando mapear a produção do subúrbio da cidade em áreas como a arquitetura, as artes visuais, o designer e a moda. No mês de agosto, o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), da Prefeitura do Recife, receberá uma exposição com o material coletado nesses lugares ? principalmente nas favelas. A diretora do Mamam, Cristiana Tejo, revelou que o projeto fará a ligação com o programa Multicultural da PCR. “O Mamam criará interfaces para aproveitar o projeto Multicultural da prefeitura, que já trabalha com esse perfil dentro das periferias”, falou.
Além do seminário e da exposição, a proposta é produzir um catálogo sobre o assunto. “O registro da mostra é o marco do nosso trabalho, poderemos registrar a estética da periferia em sua essência”, explica Gringo Cardia. Debatendo os temas ainda estavam a gerente de Patrocínio da Petrobrás, Eliane Costa; Pedro Mendes, secretário da Juventude do Governo de Pernambuco; Paulo Casale, gerente de ação Cultural ? Sesc/SP; José Júnior, diretor do Afro Reggae RJ; Silvio Meira, Cientista-chefe do C.E.S.A.R; Mabuse, membro do Re-combo ? Recife; e a atriz, Regina Casé.
UOL ENTRETENIMENTO
MAMAM de Recife abre as portas para a arte da periferia
Maria Eduarda Belém | 06/09/2007 – 15h56
Colaboração para o UOL, de Recife
A arte que vem dos subúrbios recifenses é o tema da exposição “Estética da Periferia: Diálogos Urgentes”, em cartaz no Museu de Arte Moderna Aluísio Magalhães (Mamam), até 23 de setembro. Com curadoria do cenógrafo paranaense Gringo Cardia e do designer pernambucano h.d. Mabuse, a exposição é fruto de uma pesquisa desenvolvida por uma equipe de profissionais que em dois meses subiram morros, percorreram becos e ruas movimentadas, e esquadrinharam a cidade com um olhar voltado para a produção artística desenvolvida em suas bordas. Após o término da mostra, o Mamam fecha para reforma, com implantação de um projeto de acessibilidade, que deverá terminar até o final do ano.
Estética da Periferia: Diálogos Urgentes
Fotos e objetos representativos da produção dos subúrbios do Recife nas áreas de arquitetura, artes visuais, desenho industrial e moda integram a exposição que estará em cartaz no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), entre os dias 26 de julho e 26 de agosto.
A mostra faz parte do projeto Estética da Periferia: Diálogos Urgentes, que visa fazer um recorte da estética dos subúrbios recifenses, assim como foi feito no Rio de Janeiro. A etapa de Recife tem, além do apoio do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e patrocínio da Petrobras, o co-patrocínio do Governo de Pernambuco e apoio da Prefeitura do Recife. Equipes formadas por jovens arquitetos, designers, estudantes e membros de redes de ações comunitárias fizeram mais de duas mil fotos de objetos e soluções criativas encontradas na periferia da cidade.
Um seminário realizado em maio, na Livraria Cultura do Recife, sob coordenação da pesquisadora Heloisa Buarque de Hollanda, forneceu as bases para o mapeamento cultural. O evento contou com a participação de Felipe Machado – coordenador dos Pontos de Cultura no Nordeste – e abordou temas como Novas Estéticas. Leia mais.
PUBLICAÇÕES
1. Estética da Periferia
Obra ilustrada com textos e imagens que compõem a exposição, além de material fornecido por uma pesquisa adicional.
Este livro, no modelo dos livros de arte, terá 200 páginas com reproduções de trabalhos de artistas da periferia, textos de Gringo Cardia e Heloisa Buarque de Hollanda, além de depoimentos dos produtores e artistas cujos trabalhos estejam ilustrados na obra.
Da obra constarão ainda índice remissivo e biografia dos artistas que compõem o volume.
2. Documento “Inclusão cultural e cidadania”
Publicação de um documento que registre as conclusões e debates resultantes das mesas do seminário.
Esta publicação será em formato de boletim para ser distribuído gratuitamente para formuladores de políticas públicas, agências de fomento à cultura, investidores em arte e cultura, pesquisadores e interessados em geral.
Responsável e redator do documento: Mauro Ventura (jornalista de O Globo).